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Intervenção do Deputado Municipal Manuel Rascão Marques nas comemorações do 25 de abril



Intervenção do Deputado Municipal Manuel Rascão Marques nas comemorações do 25 de abril que decorreram em Lavos:

"Na pessoa do Sr. Presidente da Assembleia Municipal, cumprimento todas as entidades aqui representadas e demais pessoas presentes.
Exmas. Senhoras e Senhores:
Estamos hoje aqui reunidos para homenagear um dos momentos mais marcantes da nossa história coletiva, a conquista da liberdade e da democracia. Recordamos com respeito e gratidão os que arriscaram tudo para que hoje pudéssemos viver num país livre, plural e soberano.
A liberdade é mais do que um direito, é a essência da dignidade humana.
É poder escolher, questionar, criar e sonhar sem receio.
É expressar pensamentos sem correntes, percorrer caminhos sem barreiras e viver sem imposições.
Mas a liberdade não é apenas individual, ela cresce na partilha, fortalece-se no respeito e só se completa quando é de todos.
Não pode ser privilégio de alguns, nem ilusão para muitos.
Ser livre é ter voz, mas também saber ouvir.
É agir com responsabilidade, sabendo que a nossa liberdade termina onde começa a do outro.

Neste dia de celebração, impõe-se também uma reflexão séria e honesta, não só recordar o passado, mas questionar o presente e responsabilizarmo-nos pelo futuro.

Agora pergunto:
É possível ser se livre,
•    Quando há pessoas que têm dificuldades de alimentação?
•    Quando não há habitação condigna para todos?
•    Quando o acesso ao ensino, nomeadamente superior, é difícil porque os encarregados de educação não têm condições económicas para suportar os custos inerentes com a deslocação e estadia dos seus filhos?
•    Quando se limitam as crianças no ensino básico e secundário a um ensino impositivo e não lhes é permitido questionar o porquê?
•    Quando o acesso à saúde é cada vez mais difícil por causa de decisões erradas e de lóbis corporativos?
•    Quando os medicamentos são cada vez mais caros?
•    Quando os idosos são abandonados em lares, muitas vezes sem o conforto e carinho que tanto merecem?
•    Quando não existem vagas em lares suficientes para os idosos que necessitam de cuidados permanentes e têm baixos rendimentos?
•    Quando não existe uma rede de cuidados continuados eficaz e suficiente para os doentes que dela necessitam?
•    Quando as pessoas necessitam de dois empregos para sobreviverem, ficando sem tempo para dedicarem a si próprios e à família?

•    Quando nos impõem indústrias que não respeitam o meio ambiente, desrespeitando o bem estar dos cidadãos? (como é, por exemplo, o caso da Crigado aqui nesta freguesia)
•    Quando o acesso à Justiça não é fácil?
•    Quando as redes sociais, sem qualquer regulação, destilam ódio e noticias falsas?
•    Quando temos uma comunicação social que se delicia com o sensacionalismo, demonstrando, com alguma frequência, pouco rigor na sua investigação?
•     Quando quem decide não tem a capacidade de ouvir?
•    Quando os deputados não são escolhidos por quem efetivamente os elege?
•    Quando a ética parece não ser importante?
•    Quando o povo abdica do seu direito de voto, refletido na abstenção, deixando que outros decidam por si?

Exmas. Senhoras e Senhores

Nunca nos podemos esquecer o que nos diz o artº.37 da Constituição “todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de se informar, sem impedimento nem discriminações”.
Temos, pois, a obrigação de refletir sobre estes temas e com certeza outros haverão, informando-nos, sem receio de exprimir a nossa opinião!

Vivemos numa democracia. Mas que democracia é esta, quando tantos cidadãos se sentem excluídos, desiludidos ou alheados da vida pública? Que liberdade é esta, quando a pobreza limita escolhas, quando o medo cala opiniões, quando a desinformação distorce consciências?
Temos, todos nós, promovido uma sociedade verdadeiramente livre, justa e inclusiva? Ou temos tolerado, em silencio, novas formas de desigualdade, discriminação e alienação?
Como disse Papa Francisco “Atualmente é fácil confundir a liberdade genuína com a ideia de que cada um julga como lhe parece, como se, para além dos indivíduos, não houvesse verdades, valores, princípios que nos guiam, como se tudo fosse igual e tudo se devesse permitir”.
Ainda sobre o futuro...
Que país queremos ter? Que concelho queremos? Que futuro estamos a construir?
Uma das grandes conquistas do 25 de Abril foi a liberdade de podermos escolher os nossos representantes através do Voto.
Este ano, teremos, por duas vezes, a oportunidade de o fazermos. Vamos, todos, cumprir a nossa obrigação, votando, demonstrando que percebemos a importância do voto, o poder que ele tem subjacente.
Vamos decidir o que pretendemos para o nosso futuro, para o futuro do nosso concelho e do nosso país!
Como disse Mahatma Gandhi: “Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não fizer nada, não existirão”.
Defender a liberdade é um compromisso diário, um legado que recebemos e devemos proteger para as gerações futuras, porque sem liberdade, não há progresso, não há justiça, não há verdadeiro amor pela vida.
Como disse Voltaire: “Quando não há, entre os homens, liberdade de pensamento, não há liberdade”.
Viva o 25 de Abril
Viva Portugal"